junho 29, 2025

Mulher transgênero brasileira é a primeira a celebrar uma união civil em Roma

Quase três anos após a promulgação da lei que autoriza a união civil entre pessoas do mesmo sexo na Itália, pela primeira vez uma transexual conduziu uma celebração oficial. Leila Daianis, reconhecida ativista dos direitos LGBT em Roma e investida pelos poderes da lei, celebrou a união de uma trans brasileira com um italiano.

Quase três anos após a promulgação da lei que autoriza a união civil entrepessoas do mesmo sexo na Itália, pela primeira vez uma transexual conduziuuma celebração oficial. Leila Daianis, reconhecida ativista dos direitos LGBTem Roma e investida pelos poderes da lei, celebrou a união de uma transbrasileira com um italiano.

Rafael Belincanta, correspondente da RFI em Roma

Ana e Cláudio (nomes fictícios) assinaram o contrato civil na quinta-feira (28),na sala 310 do prédio da primeira seção da prefeitura. Um laço arco-írispendurado na porta dava as boas-vindas ao público naquela que é uma dastrês salas destinadas às uniões civis homosexuais da capital italiana, a únicasem custos para os cidadãos.

“Mudou muita coisa, é uma conquista muito importante e agora estou muitomelhor”, desabafou emocionada Ana.

Leila, por sua vez, conta que a autorização da prefeitura – com a qual elatrabalha num projeto de conscientização para transexuais – demorou cerca dedois meses. “Quando o casal me pediu se eu poderia celebrar eu disse sim,absolutamente. Então fiz toda a parte burocrática, a direção aprovou e hojepeguei a documentação assinada pela prefeita de Roma”, disse à RFI Brasil.

Investida pelos poderes da lei Cirinnà, Leila confessou que celebrar a união foialgo histórico. “Já fiz de tudo na minha vida e hoje celebrei uma União Civil. Eu tive muita sorte de ter militado por muitos anos no Circolo di Cultura Omosessuale Mario Mieli e também na Libellula. Acho que foi uma grande conquista e para mim e foi muito emocionante”, declarou.

Além da conquista pessoal após anos de luta em defesa das transexuaisbrasileiras em Roma e na Itália, Leila também explica o porquê dessacelebração ter sido um marco para as uniões civis. “Serve também comoutilidade para a comunidade LGBT, porque é preciso assumir que umproblema burocrático é um problema burocrático. E hoje uma pessoa, seja elatrans feminina ou trans masculino, tem a possibilidade de unir-se com omesmo gênero”.

Lei Cirinnà

A lei 76 promulgada em 20 de maio de 2016 leva o nome da senadora MonicaCirinnà, que apresentou o projeto de lei. A primeira união civil entre pessoasdo mesmo sexo em Roma foi celebrada em setembro de 2016. Desde lá, maisde mil casais homosexuais foram reconhecidos diante da lei.

Já em toda a Itália, os dados mais recentes contabilizam as uniões realizadasentre julho de 2016 a 31 dezembro 2017: no total foram 6.712 uniões civis, dasquais, 2.030 celebradas a casais lésbicos e 4.682 a casais gays. O InstitutoNacional de Estatística italiano (Istat) deverá divulgar novos números dasuniões civis na Itália em junho próximo