Juiz consulta Lewandowski sobre abertura de inquérito contra Moro e Deltan
O juiz federal Eduardo Appio, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, consultou nesta terça-feira, 28, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), a respeito da possibilidade de ser aberto um inquérito para investigar o senador Sergio Moro (União-PR) e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) por suposta extorsão contra o advogado Rodrigo Tacla Duran, apontado pela Lava Jato como operador de propinas da Odebrecht.
Inicialmente, na tarde desta terça, o magistrado havia encaminhado um ofício à PF no Paraná “para fins de instauração urgente de Inquérito Policial” a respeito das acusações de Tacla Duran, feitas na tarde desta segunda, 27, durante audiência com o juiz federal. O superintendente da PF no Paraná, delegado Rivaldo Venâncio, em seguida, devolveu os autos a Eduardo Appio, sugerindo a ele que analisasse enviá-los ao STF.
“Encaminho a Vossa Excelência a consulta recebida na data de hoje, do Sr. Superintendente da Polícia Federal do Paraná, Dr. Rivaldo Venâncio, com cópia da audiência realizada na tarde de ontem, 27/03/2023, acerca da possibilidade de instauração de inquérito policial federal, tendo em vista à menção, durante a audiência judicial de ontem, aos nomes do Sr. Deputado Federal Deltan Dallagnol e do sr. senador Sergio Fernando Moro, os quais detêm prerrogativa de foro”, escreveu o juiz a Lewandowski.
Em depoimento a Eduardo Appio, Rodrigo Tacla Duran falou brevemente sobre uma suposta extorsão de que teria sido alvo, por parte de advogados próximos à deputada federal Rosângela Moro (União-SP) e a Sergio Moro. Ele deu mais detalhes de sua narrativa em depoimento à PF. Duran afirma ter depositado 613.000 dólares a um advogado ligado a Rosangela, em 2016. O objetivo do pagamento seria viabilizar uma delação premiada que teria o aval de Deltan e que, ao não prosseguir com os pagamentos, teria sido alvo de prisão decretada por Moro.
Deltan Dallagnol e Sergio Moro negam duramente as acusações. O ex-juiz classificou o acusador como “criminoso confesso e destituído de credibilidade” e disse não temer investigações. Em suas redes sociais, Deltan foi na mesma linha: “Não é nada mais que uma história falsa, requentada pela terceira vez sem novidade e que já foi investigada pelo MPF e PGR, que a descartaram totalmente. Isso revela desespero”, postou.
Mais cedo nesta terça, o juiz federal enviou ofício ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, pedindo que o advogado fosse incluído no programa de proteção à testemunha urgentemente, por haver, em sua avaliação, “risco de vida” diante das declarações que deu ontem “contra parlamentares federais com grande poderio econômico, social e político (deputado federal Deltan Dallagnol e senador Sérgio Fernando Moro)”.