agosto 13, 2025

Bolsonaro tenta se descolar de Jefferson e nega ‘qualquer ligação’ com ele

 

O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento na noite desta sexta-feira, 23, sobre a prisão de Roberto Jefferson, que se entregou após atirar granadas contra policiais que cumpriam um mandado de prisão do ministro Alexandre de Moraes. Na coletiva, Bolsonaro tentou se distanciar do ex-deputado do PTB. “Não existe qualquer ligação minha com Roberto Jefferson. Nunca se cogitou ele trabalhar na minha campanha. Quem age dessa maneira está mentindo”, acusou.

A ligação entre Jefferson e Bolsonaro foi apontada logo depois do atentado, levando o presidente a declarar, falsamente, que não tem nem fotos com Jefferson. Depois que o político atirou contra a polícia, apoiadores do ex-deputado, em sua maioria bolsonaristas, foram até o local do crime — e chegaram a agredir um cinegrafista da TV Globo. Aliados do presidente, como o deputado Daniel Silveira, também saíram em defesa do cacique do PTB, e convocaram os seguidores para “defender” Jefferson do Supremo Tribunal Federal. Padre Kelmon, que assumiu o lugar de Jefferson na corrida presidencial e abraçou o bolsonarismo no segundo turno, mergulhando de cabeça na campanha de Bolsonaro, estava no local neste domingo e entregou as armas de Jefferson à polícia.

Na chegada aos estúdios da Record, onde será submetido a uma sabatina nesta noite, Bolsonaro voltou a chamar Jefferson de “bandido” e relatou como procedeu ao ser informado sobre o episódio. “Determinei que o Anderson Torres assumisse pessoalmente o deslinde do caso. Falei pra ele, de imediato, que quem atira em policial o tratamento é de bandido. Ele se deslocou para Juiz de Fora na expectativa de receber novas ordens minhas. E assim ocorreu. De lá de Juiz de Fora, determinou que fossem tomadas providências para a prisão do Roberto Jefferson. Assim foi feito”, declarou ele, complementando que pediu para que Torres fosse ao Rio de Janeiro checar a “situação de saúde dos policiais atingidos”.

Além de chamar Jefferson de bandido, Bolsonaro repudiou as falas ofensivas de Jefferson à Carmen Lúcia e citou uma queixa-crime movida pelo ex-deputado contra ele em setembro. Investigada sob sigilo, e revelada pelo The Intercept, a queixa corre no Supremo Tribunal Militar e acusa Bolsonaro e o ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, de omissão e prevaricação por não acionarem as Forças Armadas contra o Senado e o Supremo Tribunal Federal para “garantir a lei e a ordem”, justificando a intervenção com supostas prisões ilegais do Ministro Alexandre de Moraes.

O presidente ainda criticou o ex-presidente Lula, seu adversário no segundo turno da eleição no próximo domingo, 30, por usar o caso politicamente, já que o petista atribui a ação de Jefferson à violência política incentivada por Bolsonaro. O presidente negou que a violência parta dele e de seus apoiadores, e que Lula “não tem moral pra criticar quem quer que seja” citando falas antigas do ex-presidente apontadas como machistas.