agosto 14, 2025

Com Covid, Brasil teve excesso de 19% de mortes em 2020

 

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Estácio divulgaram nesta quinta-feira, 20, um estudo que aponta excesso de 19% nas mortes no Brasil em 2020, primeiro ano da pandemia por Covid-19. O grupo analisou 1.556.824 mortes ocorridas no ano e o excesso foi calculado em 190 mil óbitos, causados principalmente por doenças infecciosas e parasitárias.

A pesquisa considerou a avaliação do número de mortes entre 2015 e 2019 para estimar os índices de 2020. No primeiro ano de circulação do novo coronavírus, quando não havia opções de vacinas, as 190 mil mortes excedentes tiveram associação direta ao vírus e também ligação com os impactos da pandemia para os sistemas de saúde. A base de dados foi o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.

“Algumas causas de morte têm relação com a desassistência provocada pela reorganização da rede assistencial, outras com a mudança nos padrões de interação social na população. Esse diagnóstico é importante porque indica a necessidade de os sistemas locais de saúde serem mais resilientes, para que possam sustentar serviços essenciais de saúde durante crises, incluindo sistemas de informação de saúde mais consistentes”, explicou, em comunicado, Raphael Guimarães, pesquisador da Fiocruz.

O levantamento apontou grupos de doenças e condições que superaram o índice esperado de óbitos em mais de 10%, como as endócrinas (16%), transtornos mentais (29%), cardiovasculares (16%), e gravidez, parto e puerpério (27%).

Também registraram casos de episódios fatais abaixo do previsto, como doenças do aparelho respiratório (10% abaixo do esperado) e causas externas (4% abaixo). O estudo associa esses números à melhora do rastreamento clínico e ao distanciamento físico no início da pandemia, respectivamente.

Os pesquisadores observaram ainda que houve mortalidade por causas mal definidas em volume expressivo. “Isso tem relação direta com a dificuldade na oportunidade de preenchimento das declarações de óbito e é possível que boa parte destas tenha relação direta com a Covid-19”, afirmou Guimarães.