junho 29, 2025

Luzimangues caminha para virar cidade

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Distrito de Porto Nacional maior e mais rico que a maioria dos municípios do Estado acelera para conquistar sua autonomia.

 

Não há dúvida que o futuro de Luzimangues é conquistar a autonomia e se tonar município. Pelo menos é o desejo de 10 entre 10 moradores do distrito. Líderes locais, comerciantes e investidores estão prontos para iniciar a mobilização pela emancipação do 140º município tocantinense. Em 2025 vence o prazo de 10 anos, contando a partir de 2015 de veto para criação de novos municípios, conforme entendimento político que vigora no Congresso Nacional, com a não tramitação de matérias que tratam do assunto.

Enquanto isso Luzimangues não para de crescer e certamente a cada dia ganha mais força e necessidade de gerir os seus próprios destinos. O distrito apresenta potencial e disposição não apenas de alcançar a independência, como disputar espaço entre as maiores cidades do Estado. Para se ter uma ideia da importância de Luzimangues no contexto regional, o distrito está para Palmas, como Aparecida de Goiânia está para Goiânia.

Luzimangues é o polo industrial de Palmas, centro atacadista e base logística de transporte que se beneficia principalmente por ser a sede da Plataforma multimodal mais importante do Estado, nas margens da Ferrovia Norte-Sul e que abriga grandes empresas de transporte. É também um lugar aprazível para se morar, tendo em vista que a brisa do Lago da Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães garante ao microclima da região a sensação de ser menos calor que Palmas. E isso já representa uma grande vantagem.

distrito de Porto Nacional é maior e arrecada mais com tributos que a grande maioria dos municípios do Estado. Conta atualmente com uma população de cerca de 30 mil habitantes, soma mais de 12 mil eleitores e já comercializou mais de 60 mil terrenos urbanos. O distrito já está pautando as eleições de Porto Nacional. Candidato para vencer as eleições em Porto precisa obrigatoriamente que indicar o vice do distrito e ainda mais, se comprometer publicamente de não trabalhar contra os seus interesses, o mais importante: a emancipação.

Já foi assim na eleição de 2020 e tende a se intensificar em 2024, tendo em vista o aumento do colégio eleitoral do distrito, incentivado por campanhas dos líderes locais, que buscam o maior número de alistamento de eleitores para aumentar o peso político do distrito, como explica o vereador Soares Filho (SD), que mobiliza esforços para aumentar o sentimento de pertencimento dos luzimanguenses, mostrando que prestigiar o comércio local é fortalecer a economia do distrito. Soares anuncia que a campanha de alistamento eleitoral busca aumentar o poder do distrito para lutar por serviços públicos de qualidade.

Origem
O distrito que nasceu junto com Palmas, como um bairro fora do Plano Diretor sem o nível de exigência para abertura de loteamento e edificação, explodiu os últimos anos, sobretudo depois da inauguração da Ferrovia Norte-Sul, e a chegada de grandes empresas. O comércio é forte e representa bem a pujança da economia da região movida pelo crescimento do agronegócio, no inicio a pecuária e agora abrindo fronteira para a sojicultura.

Para o arquiteto Walfredo Antunes, que participou da elaboração do projeto de Palmas, Luzimangues é Palmas. Nasceu e cresceu por influência direta da Capital e pode virar um problema urbano com a omissão dos governos de Palmas e do Estado. Walfredo faz questão de lembrar que o projeto de Palmas enviado para a Assembleia Legislativa em 89, situava Palmas em um quadrilátero compreendendo área na margem direta do rio Tocantins, onde está a cidade e na margem esquerda, onde hoje é Luzimangues como área de interesse para expansão industrial da Capital. Ele aponta que este documento pode ajudar na busca de soluções para possíveis conflitos entre Palmas e Luzimangues.

“Há um instrumento que o Estado pode utilizar, também é papel da administração estadual preocupar-se com o desenvolvimento urbano do Estado” ressalta o arquiteto. apontando que como se trata de confronto entre dois municípios, nada mais apropriado que a intervenção do Estado para regular essa ocupação e a distribuição de equipamentos. “O sujeito hoje mora em Luzimangues, mas vem na escola em Palmas, vem no equipamento de saúde de Palmas”, lembra.

O ex-prefeito de Palmas Eduardo Siqueira Campos (UB) a princípio é contra qualquer intervenção do governo do Estado em assuntos municipalistas. “Essa discussão tem dia e hora para acabar. Nas contas de José Wilson Siqueira Campos, ele andou pegando na BRK e na Energiza o número de pessoas que pedem ligação em Luzimangues e chegou à conclusão que em 10 anos será comparada a Araguaína, como segundo centro urbano do Estado”, revela o ex-prefeito resgatando um projeto que o ex-governador enviou para a Assembleia Legislativa criando a Região Metropolitana de Palmas.

Eduardo acredita que este projeto é o instrumento que vai garantir o desenvolvimento de Luzimangues sem criar conflitos com Palmas. “Para mim essa lei é um instrumento de democracia, porque é a não intervenção do Estado, é a junção de todos os municípios envolvidos, não só os que diretamente fazem limites, se não tiver enganado, são ao todo 12 municípios. Eu recorreria ao governador para nós implantarmos a região metropolitana de Palmas já”, defende o ex-prefeito que entende que a lei permite ao governador pegar todos os prefeitos envolvidos e buscar um entendimento. “Luzimangues nessa hora ainda vai falar como Porto Nacional, mas não pode mais ser vista como uma irmã pobre de Palmas”, recomenda.O ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), avalia que o debate sobre Luzimangues é urgente e necessário. “Eu tenho certeza de uma coisa, sempre fiz a defesa dessa bandeira, ou Luzimangues vira um distrito de Palmas, coisa que já não cabe, ficou grande demais, ou vira município”, defende o ex-prefeito que considera que o maior erro do seu antecessor [Raul Filho] foi ter incentivado o crescimento de Luzimangues, ao não forçar a ocupação dos grandes vazios urbanos da Capital.“Na hora que o prefeito não forçou a ocupação das áreas de Palmas mandou o palmense morar do outro lado da ponte. As pessoas não podiam comprar terreno em Palmas porque não tinha terreno em Palmas à venda, muito diferente do que acontece hoje” observa Amastha, que afirma de forma categórica que o crescimento de Luzimangues foi um erro da gestão de Palmas. Para o ex-prefeito bom era não ter acontecido, mas já que aconteceu, Luzimangues merece ser uma cidade. “Luzimangues tem que ser uma cidade, já tem tamanho para isto, estamos falando de 60 mil lotes, do tamanho que está, na hora que for ocupado os 60 mil terrenos, estamos falando de 180 mil pessoas, não duvidem que Luzimangues será a terceira ou quarta cidade do Tocantins em tamanho em coisa de 15 anos”, defende.

Luzimangues já impacta as eleições de Porto Nacional e em pouco tempo vai pautar o debate também da eleição de Palmas. O crescimento acelerado do distrito, que exerce o papel de bairro de Palmas, cidade dormitório e ao mesmo tempo polo industrial da Capital merece tratamento do tamanho da sua importância. Colado em Palmas e distante 60 quilômetros da sede de Porto Nacional, Luzimangues em tudo depende de Palmas, mas seus moradores querem ter seus próprios serviços que Porto Nacional não está conseguindo ofertar. A luta pela emancipação que já vem sendo travada irá levar inevitavelmente a um confronto de interesses e a busca de soluções. Luzimangues tem tudo para se tornar em pouco tempo o 140º município tocantinense. O que é bom para todos. Até para a prefeitura de Porto Nacional que já não consegue mais atender as demandas de um distrito, que como Palmas, já nasceu grande.

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