Luzimangues caminha para virar cidade
Distrito de Porto Nacional maior e mais rico que a maioria dos municípios do Estado acelera para conquistar sua autonomia.
Não há dúvida que o futuro de Luzimangues é conquistar a autonomia e se tonar município. Pelo menos é o desejo de 10 entre 10 moradores do distrito. Líderes locais, comerciantes e investidores estão prontos para iniciar a mobilização pela emancipação do 140º município tocantinense. Em 2025 vence o prazo de 10 anos, contando a partir de 2015 de veto para criação de novos municípios, conforme entendimento político que vigora no Congresso Nacional, com a não tramitação de matérias que tratam do assunto.
Enquanto isso Luzimangues não para de crescer e certamente a cada dia ganha mais força e necessidade de gerir os seus próprios destinos. O distrito apresenta potencial e disposição não apenas de alcançar a independência, como disputar espaço entre as maiores cidades do Estado. Para se ter uma ideia da importância de Luzimangues no contexto regional, o distrito está para Palmas, como Aparecida de Goiânia está para Goiânia.
Luzimangues é o polo industrial de Palmas, centro atacadista e base logística de transporte que se beneficia principalmente por ser a sede da Plataforma multimodal mais importante do Estado, nas margens da Ferrovia Norte-Sul e que abriga grandes empresas de transporte. É também um lugar aprazível para se morar, tendo em vista que a brisa do Lago da Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães garante ao microclima da região a sensação de ser menos calor que Palmas. E isso já representa uma grande vantagem.
distrito de Porto Nacional é maior e arrecada mais com tributos que a grande maioria dos municípios do Estado. Conta atualmente com uma população de cerca de 30 mil habitantes, soma mais de 12 mil eleitores e já comercializou mais de 60 mil terrenos urbanos. O distrito já está pautando as eleições de Porto Nacional. Candidato para vencer as eleições em Porto precisa obrigatoriamente que indicar o vice do distrito e ainda mais, se comprometer publicamente de não trabalhar contra os seus interesses, o mais importante: a emancipação.
Já foi assim na eleição de 2020 e tende a se intensificar em 2024, tendo em vista o aumento do colégio eleitoral do distrito, incentivado por campanhas dos líderes locais, que buscam o maior número de alistamento de eleitores para aumentar o peso político do distrito, como explica o vereador Soares Filho (SD), que mobiliza esforços para aumentar o sentimento de pertencimento dos luzimanguenses, mostrando que prestigiar o comércio local é fortalecer a economia do distrito. Soares anuncia que a campanha de alistamento eleitoral busca aumentar o poder do distrito para lutar por serviços públicos de qualidade.
Origem
O distrito que nasceu junto com Palmas, como um bairro fora do Plano Diretor sem o nível de exigência para abertura de loteamento e edificação, explodiu os últimos anos, sobretudo depois da inauguração da Ferrovia Norte-Sul, e a chegada de grandes empresas. O comércio é forte e representa bem a pujança da economia da região movida pelo crescimento do agronegócio, no inicio a pecuária e agora abrindo fronteira para a sojicultura.
Para o arquiteto Walfredo Antunes, que participou da elaboração do projeto de Palmas, Luzimangues é Palmas. Nasceu e cresceu por influência direta da Capital e pode virar um problema urbano com a omissão dos governos de Palmas e do Estado. Walfredo faz questão de lembrar que o projeto de Palmas enviado para a Assembleia Legislativa em 89, situava Palmas em um quadrilátero compreendendo área na margem direta do rio Tocantins, onde está a cidade e na margem esquerda, onde hoje é Luzimangues como área de interesse para expansão industrial da Capital. Ele aponta que este documento pode ajudar na busca de soluções para possíveis conflitos entre Palmas e Luzimangues.
“Há um instrumento que o Estado pode utilizar, também é papel da administração estadual preocupar-se com o desenvolvimento urbano do Estado” ressalta o arquiteto. apontando que como se trata de confronto entre dois municípios, nada mais apropriado que a intervenção do Estado para regular essa ocupação e a distribuição de equipamentos. “O sujeito hoje mora em Luzimangues, mas vem na escola em Palmas, vem no equipamento de saúde de Palmas”, lembra.
O ex-prefeito de Palmas Eduardo Siqueira Campos (UB) a princípio é contra qualquer intervenção do governo do Estado em assuntos municipalistas. “Essa discussão tem dia e hora para acabar. Nas contas de José Wilson Siqueira Campos, ele andou pegando na BRK e na Energiza o número de pessoas que pedem ligação em Luzimangues e chegou à conclusão que em 10 anos será comparada a Araguaína, como segundo centro urbano do Estado”, revela o ex-prefeito resgatando um projeto que o ex-governador enviou para a Assembleia Legislativa criando a Região Metropolitana de Palmas.
Luzimangues já impacta as eleições de Porto Nacional e em pouco tempo vai pautar o debate também da eleição de Palmas. O crescimento acelerado do distrito, que exerce o papel de bairro de Palmas, cidade dormitório e ao mesmo tempo polo industrial da Capital merece tratamento do tamanho da sua importância. Colado em Palmas e distante 60 quilômetros da sede de Porto Nacional, Luzimangues em tudo depende de Palmas, mas seus moradores querem ter seus próprios serviços que Porto Nacional não está conseguindo ofertar. A luta pela emancipação que já vem sendo travada irá levar inevitavelmente a um confronto de interesses e a busca de soluções. Luzimangues tem tudo para se tornar em pouco tempo o 140º município tocantinense. O que é bom para todos. Até para a prefeitura de Porto Nacional que já não consegue mais atender as demandas de um distrito, que como Palmas, já nasceu grande.