Quem vai recepcionar Bolsonaro: os bolsonaristas ou a PF?
Jair Bolsonaro anunciou nesta segunda que voltará ao Brasil na manhã de quinta-feira. Há contra ele um rosário de investigações no STF, na Justiça de primeira instância, no MPF e na Polícia Federal. Em cada uma delas, o presidente pode ser alvo de diligências que até então não poderiam ser cumpridas, devido ao exílio nos Estados Unidos.
Desde que anunciou seu retorno, Bolsonaro criou um debate entre integrantes do governo que atuam nas investigações. Qual o melhor momento para abordar o ex-presidente sem que a legítima ação investigativa se torne um ativo político ao opositor.
Uma ala do governo, mais cautelosa, avalia que Bolsonaro não deve ser abordado já na chegada ao Brasil. A ação imediata alimentaria o discurso de vítima justamente num dia em que o ex-presidente terá todos os holofotes para reclamar de perseguição, caso seja alvo da PF. O caminho, para essa ala, é deixar o ex-presidente chegar e tratar naturalmente das pendências judiciais dele sem açodamento.
Outra ala, no entanto, avalia que o ex-presidente já passou tempo de mais sem prestar contas de seus atos e omissões. Ao voltar ao Brasil, deve lidar com os problemas imediatamente. Não está claro, no governo, qual das duas avaliações prevalecerá.
Ao chegar a Brasília na quinta, Bolsonaro pode passar diretamente pelas autoridades do aeroporto ou já ser levado para um depoimento, por exemplo. Ironia das ironias, os aliados do ex-presidente no PL de Valdemar Costa Neto torcem pela opção mais polêmica. Quanto mais barulho na volta, melhor.
Um importante ministro do governo sabe disso e acredita mais na primeira possibilidade. Sobre o risco de Bolsonaro já sofrer uma abordagem policial na chegada, é curto: “Não creio”.