Quilombo com 160 anos de história no Tocantins se torna símbolo de luta e resistência

Fundado por volta de 1865 e formado por famílias descendentes de pessoas escravizadas que fugiram do Maranhão, o Quilombo Grotão, em Filadélfia (TO), carrega mais de um século e meio de história, resistência e organização coletiva. Nos dias 12 e 13 de novembro, o Ministério Público do Tocantins (MPTO) realizou uma intensa visita técnica ao território para conhecer de perto a realidade atual, avaliar o acesso a políticas públicas e mapear demandas estruturais que impactam diretamente a vida das famílias.
As informações levantadas subsidiarão um relatório estratégico para orientar a atuação da Promotoria de Justiça de Filadélfia, atendendo solicitação do promotor de Justiça Pedro Jainer.
A ação foi conduzida por uma equipe multidisciplinar do Centro de Apoio Operacional do Consumidor, da Cidadania, dos Direitos Humanos e da Mulher (Caoccid), e do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação (Caopije), composta pelo assistente social José Augusto, pelo geógrafo Bruno Carneiro (Caoccid) e pela especialista em Gestão Pública Ilana Gomes (Caopije).
Escuta ativa
Para captar a realidade de forma abrangente, a equipe promoveu uma roda de conversa e entrevistas individuais, dando prioridade a uma escuta ativa capaz de revelar não apenas dados formais, mas também o impacto humano da ausência de políticas públicas.
O assistente social José Augusto destacou a importância da vivência em campo para compreender a verdadeira dimensão dos desafios: “Você não consegue ter uma noção tão rica se não sentir o cheiro, o gosto, se não vir com seus próprios olhos. O contato direto revela que, muitas vezes, as pessoas possuem direitos sem sequer perceberem.”
Ele comparou a diferença entre analisar documentos e percorrer as estradas do território: “Uma coisa é olhar um mapa. Outra é pegar o carro, enfrentar os buracos, sentir o solavanco, perceber como essa comunidade realmente vive.”
